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domingo, 9 de janeiro de 2011

Uma carta...


Hoje acordei com uma grande vontade de mandar carta, de ser muito romântica, de além de palavras no mundo virtual poder oferecer algo que as mãos possam tocar. Sobre isso encontrei um belíssimo texto de Cristiana Guerra, do blog   http://amoreponto.blogspot.com/.

Sobre a falta de tempo que nos aproximou da gente

 

Cristiana Guerra

 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp1QOvFBgxtFpEa9OaPTIS7kZoLyWVKBkLKeUFxOfQnfkq9vLbkxuN7YQYzNT52aYpEHjWTXo0M1dHCc5sUPK9cGN8BytDMLpONZzOI8OY4tJKqOxU5G2FXTpMK8Q8m14ublk2XV2P6N42/s1600/carta-de-amor.jpg

 


Porque as distâncias eram grandes, escreviam-se cartas. Porque era preciso esperar as cartas, havia tempo. Porque havia tempo, falava-se de amor. Porque falava-se de amor, escreviam-se mais cartas.

 

E porque era preciso fazer as cartas chegarem mais rápido, construíam-se estradas. Estradas que nos levaram mais rápido ao futuro: encurtaram-se as distâncias.

 

E porque encurtaram-se as distâncias, aumentou o trabalho. E porque o trabalho aumentou, escasseou o tempo. E pela escassez de tempo, cessaram as cartas. E pela falta das cartas, recesso para o amor.

 

Porque o amor entrou em recesso, o avanço. E porque veio o avanço, criou-se a tal rede. E porque a rede se criou, encurtaram-se as distâncias. Até mesmo entre os amores. Até mesmo entre os tempos.

 

E no mundo contido dentro da rede, nasceram de novo as cartas. Agora instantâneas. Que, como aviõezinhos de papel, eram lançadas incessantemente de uma ponta a outra do mapa. Palavras, dores, saudades e sons percorriam num susto longas distâncias, para chegar aos ouvidos da outra ponta do mapa.

 

O mundo virou teia de cartas. Um emaranhado de dores e amores e gentes se vendo e ouvindo e dizendo em todas as línguas. Um mundo abraçando o mundo carente de cartas, caminhos, estradas e de andar a pé pra relembrar.

 

Virtuais, as cartas tornaram amores reais.

 

E a cada nova carta, um mundo de amor. A teia. E a cada novo mundo, mais cartas. E já não era possível desfazer os nós. E as pessoas deram-se as mãos, como antes não acontecia. E eram semelhantes as mãos que se davam, sem que a distância fosse empecilho. E era de mãos também a grande teia.

 

Mas, como o virtual brilhasse, o real perdeu sua força. Não mais se olharam as pessoas. O amor em recesso mais uma vez.

 

E como o recesso faz buracos, mais gente da ponta do mapa procurou gente da outra ponta. E do meio. E de um pedacinho ao sul ou ao norte. E as latitudes as mais diversas passaram a se olhar, como não mais os olhos se olhavam. E como as palavras de longe chegavam ao pé do ouvido, falou-se de perto. E porque de longe acendiam-se almas, encurtaram-se as distâncias.

 

Mas, um dia, de tanto viajarem as cartas, encurtando distâncias e mais distâncias, alguém olhou para o lado e descobriu a verdade.

 

O longe estava perto. O perto estava longe.

 

E assim a escassez de tempo nos aproximou da gente. A escassez do tempo nos disse verdades com sua voz rouca. E nos perguntamos se tudo isso fazia sentido. E choramos. E escrevemos novas cartas. E nos demos as mãos de verdade. E nos olhamos no olho. E redescobrimos o tempo.

 

E amamos. Não mais a escassez. Não mais o virtual. Não mais o longe.

 

E permanecem as cartas que vão e voltam. Mas o amor não entra mais em recesso.

 

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Achei lindo sabia? Pena que justamente hoje eu tive um sonho ruim de amor (ou paixão sei lá...):/ Bjs querida e bom domingo!

Atena disse...

Oi...
Amei o seu blog...
Olha e segue o meu : http://dabitofeverything.blogspot.com/
Obrigada e beijinhos

Tamyres Bastos disse...

Texto lindo hein.
Hj em dia ng manda carta, é uma tristeza.
Na época da minha tia, ela colecionava papel de cartas e deixou tds pra mim, mas nunca foram usados, estão guardadinhos, uma vergonha neh?!
E tem mta gnt q nem sabe mandar carta, pra ver como estão as coisas, euu adoro receber carta, e acho que deveria ser uma coisa q nunca deveria acabar, pois o papel, a letra, e a palavra sincera são mto mais bonitos do que um e-mail, q é mto impessoal.
O texto é lindo.

Beeeeijos
=**
www.modernicetotal.blogspot.com

Edilaine Borges disse...

Cartas... a mais linda forma de guardar sentimentos.....
me segue segindoooo bjuuu