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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Apenas mais um de amor...




         Seria achar um companheiro uma questão de sorte, destino, merecimento ou percepção? Será que todo mundo tem mesmo a obrigação de encontrar esse grande amor, essa tampa da panela? Será que falta astúcia para reconhecê-lo? Ou por medo as pessoas simplesmente deixam passar a oportunidade?
          Eu não sei, mas gostaria muito de ter essas respostas. “Se fosse fácil achar o caminho das pedras, tantas pedras no caminho não seria ruim”, cantou Humberto Gessinger. Acho que se tivéssemos a certeza de estar no caminho certo, nossa busca não seria tão sofrida porque saberíamos que a recompensa viria. Quando se trata da vida real é muito arriscado garantir que o sofrimento de hoje é só um preparo para o mar de rosas que se aproxima. Enquanto isso tenta-se viver em paz com a questão.
Vejo muitas pessoas se martirizando ao achar que não encontram o par ideal por falta de merecimento ou por azar e até mesmo por não se tratar do destino! Essa frustração é inútil! Como disse, ninguém sabe a resposta. Ficar na defensiva, acumular insucesso sentimental, comprar historinhas de final feliz para alimentar uma utopia, nutrir um amor idealizado, ter uma visão imediatista e agir por impulso não são medidas eficientes para encontrar a cara metade.
            Embora não exista muita aceitação em ficar sozinho, às vezes o que se teme é o  que mais se precisa. A expectativa é tanta que a ansiedade comanda em muitos momentos. Atropelos seguidos de precipitações acontecem em dadas situações.  Para fugir desse destino muitos se submetem a relacionamentos precipitados e não “tão sinceros” a fim de um status, uma fachada, uma ilusão. Enfim, banalizam o “eu te amo” a troco de um status numa rede social. Saber que aquela pessoa não é a detentora de seus sentimentos mais sinceros e, mesmo assim investir na relação é cruel já que, de certa forma, impede que uma pessoa certa apareça para você e para seu companheiro.
          O problema maior talvez resida no fato de seguir uma padronização imposta pela sociedade. Afinal, muitos amigos vivenciando romances, retratações a todos os momentos em filmes, novelas e livros, além de infinitas músicas cantando o mesmo tema.  Querendo ou não você sofre uma pressão e é quase obrigatório encontrar alguém para te incluir no mundinho dos que “amam”... No entanto, forçar a se igualar a uma maioria que já teve esse encontro é ir contra a natureza.  É criar carências após expectativas frustradas. É amargar a esperança com decepções cada vez mais frequentes. Cada um terá seu tempo, pelo menos espera-se isso. Não há quem possa garantir que você vai ter a oportunidade ou não. Enquanto isso fazer de si um lugar habitável é importante.
Tirando a pieguice de lado, pensem o quanto é bom ter uma pessoa ao seu lado que faça seu conto de fadas mais real. Um amor que não se resuma à apenas verbalizações. Saber-se amado e sentir-se como tal.  Sentir admiração,  ter zelo, valorizar e dedicar-se ao outro traz uma alegria plena, um estado de bem-estar inigualável. Alguém que te faça rir, que faça ter vontade de compartilhar coisas banais e intimidades, que te aceite como é, desperte paixão e ainda mantenha nas entrelinhas o compromisso. Aceitar defeitos, ceder em prol da relação. Dividir. Multiplicar. Somar.  Aprender a ver a vida sem pretensões de nada perfeito e irreal, apenas amor de pé no chão. Saber que alguns príncipes são sapos e saber enxergar que a imperfeição é o que faz aquilo ser tão especial e único... 
Correr atrás de amores platônicos e idealizados, de sombras fugitivas e pessoas perfeitas só afasta mais o objetivo principal. Não se busca a perfeição no outro quando você mesmo não é nada disso. Fazer isso é fechar os olhos para o mundo real. Desejar a pessoa perfeita não vai fazê-la aparecer. E forçar o imperfeito a parecer com esse ser inatingível também não é saudável nem traz resultados. No fundo são só pessoas, quase um sinônimo de falha. 
  Não acho que seja uma questão de predestinação, acaso ou merecimento. Os privilegiados nada têm de diferente, aparentemente. Talvez a única diferença resida no fato de que eles enxergam além do visível, ou seja, em algum momento tiveram percepção. A frustração de alguns se resume à mera falta de aceitação,  falta de enxergar um amor em potencial que está bem ao lado. Nunca se sabe onde se pode encontrar o parceiro ideal. A faculdade, o supermercado, o bar, o trabalho ou a academia são algumas das opções. Estar aberto a conversar com estranhos e a conhecer novas pessoas é o primeiro passo. É preciso disposição para entrar no mercado sentimental, não desista!
            Quem disse que o encontro seria cinematográfico? A vida não tem o roteiro de um filme romântico onde você, ao esbarrar com alguém na rua, percebe imediatamente que é a pessoa certa. Iludidos ficamos e, às vezes, chegamos a esperar por essa cena, enquanto isso a vida por trás das câmeras continua.  A vida é sutil nos detalhes, nos sinais. É preciso uma certa ingenuidade para enxergá-los. Esse encontro não tem hora marcada, talvez te encontre em uma fase desiludida em que tudo que se deseja é não manter laços com ninguém e ai ele passa direto, batido. Muitas vezes a busca é incessante e em lugares errados. É comum tornar-se escravo de uma busca motivada por uma carência que só aumenta. E cada vez se frustra mais porque  procura-se em locais em que a maioria não compartilha o mesmo interesse. Resultado: decepção. Ai quando desiste e o coração distrai, aparece. É imprevisível, sem fórmulas!
             Há quem fique repetindo um mantra de que não tem sorte no amor, que sofre de uma maldição, que apaixona todo dia pela pessoa errada... Isso não muda nada. Só tem o poder de criar ainda mais limitações ligadas a sentimentos negativos. Você não é melhor nem pior que ninguém para merecer, o que acontece é que as histórias de vida são logicamente diferentes. Não é a falta de uma característica que determina sua vida amorosa. Não se ama pelas qualidades, se fosse assim não veríamos tantas pessoas maravilhosas sozinhas. Não existe uma lógica que explique, todas as tentativas de explicações em algum momento falham desde a teoria do magnetismo à do cheiro. 
 Você não tem que encontrar o amor da sua vida até os 25, 30, 40. Pode até querer e deixar o caminho aberto para que ele apareça, mas daí se humilhar numa relação a fim de manter algo desgastado só para poder articular que não está só, apenas denota desespero. Ou trocar sua chance de encontrar algo verdadeiro por uma fachada é precipitado. Ou fazer de alguém, que não tem pretensões em continuar com você, o “solucionador dos seus problemas” é muito arriscado. Não dê esse poder a ninguém! Se essa pessoa não te quer, automaticamente, você não a quer também. Antes de resolver isso resolva o que te aflige por dentro. Não cabe a ninguém surgir para salvar sua vida dessa maneira. Pode até ser a pessoa certa, mas se você tiver essa visão não vai funcionar. Muita responsabilidade dedicada ao outro, quando isso cabe a si mesmo. Poder demais nas mãos de pessoas de menos. 

Recuse o conveniente, a acomodação e a idéia de que uma pessoa irá aparecer para te completar e acudir sua vida.  Rejeite todas essas cismas.  Renuncie viver nessa mediocridade. Enfim, o que se deseja é um amor que traga felicidade viável, não utópica e acompanhada de discernimento para enxergá-la nas simplicidades. Um pouco de audácia, de atos descabidos, atrevidos, fantasiosos e apaixonados. Uma pitada de leveza sem frustrações, atenção às casualidades e esperança em milagres. Amor sem amarras, alegrias incontidas, encontro sinceros, desejos concretos de certezas e incertezas. E no fim saber que pior que esperar e sofrer por uma pessoa, é ter um coração vazio.